Ordenamento do Território dos Açores
Caracterização e Identificação das Paisagens dos Açores | Flores

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FL2

Designação da unidade:
FL2 | Matos de Altitude
Concelhos:
Santa Cruz das Flores, Lajes das Flores
Principais povoados:
-
Área aproximada:
20 km2

CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE DE PAISAGEM

Síntese Relativa ao Carácter da Paisagem

Esta unidade constitui uma das paisagens do Arquipélago mais próximas das condições naturais, não tendo praticamente sinais diretos da ação humana, à exceção da estrada na direção de Ponta Ruiva. A sua aparência está em consonância com a aptidão do território, muito condicionada pela agressividade do clima de altitude, frio, húmido e muito exposto a fortes ventos, bem como pela distância aos povoados mais próximos. Devido à sua posição fisiográfica, está sujeita a quedas pluviométricas muito elevadas e constitui a zona de cabeceira de algumas ribeiras com caudal permanente que drenam os excedentes de água. Esta é uma das maiores áreas com turfeiras do Arquipélago, surgindo aqui com diversas tipologias, conjugando-se por vezes com as florestas endémicas de cedro [Juniperus brevifolia]. [+]

Trata-se de uma paisagem de relevo enérgico, na parte superior da ilha, apresentando-se porém menos inclinada que as encostas das unidades limítrofes. Inclui grandes aparelhos vulcânicos, como o Pico da Burrinha, a Testa da Igreja, o Pico dos Sete Pés, o Pico da Sé e o Morro Alto, de onde se pode apreciar quase toda a metade norte da ilha e a silhueta da ilha do Corvo, a nordeste. Nesta paisagem nota-se intensamente os efeitos da água, pela presença de turfeiras e lagoas mas também de outros tipos de comunidades, como prados encharcados. Nota-se também os efeitos da erosão, tanto hídrica como eólica, modelando tanto o relevo como a própria vegetação.

Dominam aqui os matos diversificados, ricos em espécies da flora indígena, incluindo endémicas, encontrando-se a sudeste da unidade uma mancha de matas mistas de folhosas perenifólias com coníferas. Existem, também, pequenas áreas de pastagem compartimentadas em parcelas relativamente regulares, limitadas por muretes de pedra seca ou sebes vivas de hortênsias, com comportamento algo invasor. Aqui surge a Laurissilva Macaronésica com todo o seu vigor, apesar de nem sempre ser facilmente identificável por se encontrar alterada por devido à ação dos ventos fortes.

Pontos Panorâmicos

Desfrutam-se amplas e interessantes panorâmicas do cimo de cada uma das principais elevações - Pico da Burrinha [PPFL 2.1], Morro Alto [PPFL 2.2] e Testa da Igreja [PPFL 2.3], sobretudo deste último - de onde se pode apreciar bem toda a unidade, assim como quase toda a metade norte da ilha e a silhueta da ilha do Corvo, a nordeste.

Apreciação e Orientações para a Gestão da Paisagem

Esta é uma paisagem que nos transmite a sensação dominante de proximidade à natureza. A maior parte da unidade encontra-se integrada na Reserva Natural do Morro Alto e Pico da Sé ou na Área de Paisagem Protegida da Zona Central e Falésias da Costa Oeste, ambos integrados no Parque Natural da Ilha das Flores, estando também classificada como Zona Especial de Conservação [ZEC]. [+]

Abrangendo uma das zonas mais elevadas da ilha, com chuvas abundantes, esta unidade apresenta significativos riscos de erosão, de certa forma minimizados pelo denso coberto vegetal composto por matos naturais diversificados e por turfeiras. Assim, deverá ser rigorosamente mantido o coberto vegetal e a adequada drenagem natural, a fim de garantir a proteção e valorização dos recursos existentes. Pelo contrário, a abertura de novos caminhos tem provocado recentes feridas na paisagem e aumentado o risco de erosão. Acresce que os aterros normalmente associados à construção de estradas podem modificar ou mesmo destruir as dinâmicas hidrológicas características das turfeiras. Deverá por isso ser evitada a abertura de novas estradas e caminhos, bem como ser controlado o avanço das sebes vivas de hortências nos limites das pastagens, como forma de impedir a degradação das zonas com vegetação natural. Também deve ser feita com cautela a limpeza das bermas das estradas e caminhos, atendendo a que nos taludes existentes ocorrem frequentemente herbáceas endémicas raras.