Ordenamento do Território dos Açores
Caracterização e Identificação das Paisagens dos Açores | Flores

Página Inicial | Paisagem | Caracterização e Identificação das Paisagens dos Açores | Flores | Unidades de Paisagem

FL1

Designação da unidade:
FL1 | Encosta de Ponta Delgada
Concelhos:
Santa Cruz das Flores
Principais povoados:
Ponta Delgada
Área aproximada:
19 km2

CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE DE PAISAGEM

Síntese Relativa ao Carácter da Paisagem

Trata-se de uma paisagem caracterizada por uma extensa encosta acidentada, finalizando em arribas bastante altas, a ocidente e a oriente da plataforma a baixa altitude onde se encontra o aglomerado de Ponta Delgada, encosta esta com declives progressivamente mais acentuados desde a linha de costa até às cotas mais elevadas. Do lado poente, desde o litoral até ao limite superior da unidade, a paisagem é em grande parte ocupada por pastagens, frequentemente delimitadas por sebes de hortênsias, com algumas intrusões de matos e matas. Destaca-se na costa a Ponta do Albarnaz, um promontório que se desenvolve a cerca de 100 metros de altitude, realçado por um farol, de onde se estabelece uma forte relação visual com o Ilhéu de Maria Vaz [ESFL1] e com as falésias da costa noroeste da ilha. Do lado nascente, nas arribas  e nas zonas de declives mais acentuados, dominam os matos diversificados. Aqui, encontram-se algumas espécies de plantas endémicas dos Açores como o folhado [Viburnum treleasei], o sanguinho [Frangula azorica], o cedro [Juniperus brevifolia], a faia [Morella faya], a urze [Erica azorica] e o loureiro [Laurus azorica], este mais raro, ocorrendo estas espécies também nas sebes implantadas junto à estrada. O incenso [Pittosporum undulatum] surge mais próximo das áreas cultivadas e, junto à costa, a rara endémica vidália [Azorina vidalii] e a tamargueira [Tamarix africana]. [+]

A unidade é atravessada a norte por uma profusão de ribeiras com destaque para a Ribeira do Moinho, de regime permanente, com algumas azenhas e cascatas. A nordeste, na zona central à unidade, localiza-se o povoado de Ponta Delgada, semi-concentrado, sobre a única plataforma baixa junto à costa, rodeado por parcelas agrícolas e pastagens, irregularmente compartimentadas com sebes vivas e alguns muretes, constituindo um mosaico cultural diversificado, de malha apertada. Este povoado estabelece com o Corvo uma relação visual privilegiada.

Elementos Singulares

O Ilhéu de Maria Vaz ou Ilhéu da Gadelha [ESFL1], a pouco mais de 100 metros da costa noroeste da ilha, apresenta uma forma arredondada, maciça, com cerca de 60 metros de altura. É parcialmente revestido de vegetação e frequentado por aves especialmente por garajau comum e rosado [Sterna hirundo e Sterna dougallii]. Este ilhéu assume uma forte presença visual, complementando e enriquecendo a perspetiva obtida a partir da Ponta do Albarnaz e respetivo farol, que lhe fica a norte. Encontra-se classificado como Reserva Natural. [+]

O Ilhéu dos Abrões [ESFL2], atravessado por uma curiosa furna, localiza-se a sudeste de Ponta Delgada. É consideravelmente menor que o anterior, mas igualmente impressivo na paisagem costeira.

Pontos Panorâmicos

Da zona do Farol do Albarnaz [PPFL 1.1] tem-se uma espetacular vista sobre a costa noroeste e seus ilhéus, nomeadamente o de Maria Vaz [ESFL1], e sobre a encosta que culmina no Morro Alto. No horizonte vê-se a ilha do Corvo, a nordeste, e o Ilhéu de Monchique, a sudoeste. [+]

Miradouro da Ponta dos Fanais [PPFL 1.2], donde se tem uma panorâmica geral sobre as arribas de nordeste.

Miradouro das Barrosas [PPFL 1.3], com interessante panorâmica para a zona de Ponta Delgada.

Apreciação e Orientações para a Gestão da Paisagem

Unidade essencialmente constituída por uma encosta muito exposta a ventos bastante fortes durante quase todo o ano e relativamente pouco marcada pelas atividades humanas, onde se mantêm consideráveis superfícies com matos naturais, sobretudo, na parte leste. O aglomerado de Ponta Delgada denota algum abandono, resultado da diminuição da população. [+]

Sendo uma unidade com altos valores de precipitação e muito declivosa, está sujeita a sérios riscos de erosão, pelo que não deverá destruir-se o coberto vegetal sem que previamente sejam tomadas precauções adequadas, assegurada a drenagem controlada da água em excesso e facilitada a recarga hídrica do subsolo.