Ordenamento do Território dos Açores
Caracterização e Identificação das Paisagens dos Açores | Faial

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F2

Designação da unidade:
F2 | Capelinhos
Concelhos:
Horta
Principais povoados:
Capelo | Norte Pequeno
Área aproximada:
9 km2

CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE DE PAISAGEM

Síntese Relativa ao Carácter da Paisagem

Trata-se de uma unidade localizada no extremo ocidental da ilha, dominada pela zona dos Capelinhos – enorme amontoado de cinzas vulcânicas de consistência arenosa, remanescente da erupção de 1957/1958, desde então sujeita a forte erosão eólica, hídrica e marítima, contrariada pela colonização biológica que gradualmente se tem vindo a efetuar. [+]

Com exceção dos Capelinhos, a costa é de arribas rochosas relativamente baixas. O mar é uma presença constante e forte em toda a unidade, só em parte ofuscada pela insólita vista dos Capelinhos. A vegetação endémica e nativa característica das zonas costeiras marca presença assim como as aves marinhas que fazem da zona do vulcão local de nidificação. Contudo, a presença de canas [Arundo donax] e outras exóticas é também visível.

Nesta paisagem observa-se um povoamento linear ao longo da estrada, a cerca de 150 metros de altitude, no Norte Pequeno e Capelo, pouco denso, por entre fracas pastagens e raros terrenos agrícolas que denotam ainda em muitas zonas os efeitos do soterramento pelas cinzas e finas areias negras emanadas do vulcão dos Capelinhos. Nas zonas menos afetadas pela deposição das cinzas, as culturas tradicionais têm-se mantido, sendo dos raros sítios do Faial onde se poderá encontrar alguma vinha, designadamente no Norte Pequeno. A vocação turística de toda esta zona, cujo atrativo reside numa paisagem mais rude e selvagem e num certo isolamento, tem suscitado o desenvolvimento de algumas unidades de turismo rural.

Elementos Singulares

Os Capelinhos [ESF2], paisagem efémera de cor cinzento-escuro, é o resultado dadeposição de cinzas provenientes da erupção de 1957/1958 do vulcão dos Capelinhos. É uma zona quase desprovida de vegetação, à excepção de raras e pequenas moitas herbáceas, algumas canas [Arundo donax] e tamargueiras [Tamarix africana]. Tem sido bastante alterada pela erosão hídrica, eólica e, sobretudo, marítima que, desde 1975, levaram a uma redução da sua área de 2,4 para 1 km2, com uma regressão da linha de costa de cerca de 20 metros/ano, embora a abrandar [Pena e Cabral, 1996].

Pontos Panorâmicos

Panorâmica geral da zona do antigo vulcão observada a partir da estrada regional, no sopé do Cabeço do Canto [PPF 2.1].

Apreciação e Orientações para a Gestão da Paisagem

Trata-se de uma unidade dominada pelo vulcão dos Capelinhos, forte testemunho dos processos naturais que transmite sensações diferenciadas mas sempre vigorosas que vão desde aridez, destruição e isolamento até telurismo, dinâmica, mutação e renovação de vida. Trata-se de uma paisagem única em todos os Açores, pelo aspeto inóspito e desértico, pela estranha cor escura da enorme área de finas areias e cinzas depositadas aquando da erupção, que deram origem a novas áreas terrestres e soterraram outras já existentes, desertificando-as. [+]

A ocupação humana foi muito afetada pela erupção dos Capelinhos, tendo os seus habitantes, sobretudo os do Capelo, emigrado em grande número para os Estados Unidos da América, deixando abandonadas casas e campos. Isso contribuiu, também, para que a recuperação do património construído e a reconstituição do coberto vegetal tenham vindo a processar-se lentamente. Paradoxalmente, o vulcão tornou-se uma das atrações turísticas mais importantes da ilha, recentemente valorizada pelo Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos, notável intervenção arquitetónica, paisagística e cultural que permite uma leitura muito interessante do fenómeno ali verificado.