Ordenamento do Território dos Açores
Caracterização e Identificação das Paisagens dos Açores | São Jorge

Página Inicial | Paisagem | Caracterização e Identificação das Paisagens dos Açores | São Jorge | Unidades de Paisagem

SJ4

Designação da unidade:
SJ4 | Picos Centrais
Concelhos:
Velas, Calheta
Principais povoados:
-
Área aproximada:
17 km2

CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE DE PAISAGEM

Síntese Relativa ao Carácter da Paisagem

Esta unidade de paisagem, sem aglomerados populacionais, localiza-se na parte superior da grande cordilheira central da ilha, resultante do alinhamento de cones vulcânicos na direção noroeste/sudeste. É uma zona de altitudes elevadas, com topos aplanados, contendo várias crateras onde se inscrevem pequenas lagoas, e alguns picos mais íngremes, de que são exemplo o Pico do Pedro, o Pico do Carvão, o Pico Montoso, o Pico da Esperança [a maior altitude da ilha], o Pico do Areeiro e o Pico Pinheiro. [+]

Nas zonas mais elevadas, dominam os matos rasteiros em solos húmidos ou sobre rocha compacta, mais ou menos desagregada. Aqui se encontra uma significativa mancha da vegetação natural endémica remanescente da ilha. Na restante área prevalecem as pastagens compartimentadas em parcelas tendencialmente retangulares, limitadas por muretes de pedra seca ou sebes de urze, com intrusões de mato. O clima desta unidade caracteriza-se por baixas temperaturas e elevados valores de humidade do ar e de precipitação, vento persistente e forte. Esta é uma paisagem pouco comum nas restantes ilhas do Arquipélago, pela extensão e continuidade de cones vulcânicos a altitudes próximas ou superiores aos 1000 metros.

Tem origem nesta unidade um elevado número de linhas de água que depois escavam o seu percurso em ambas as encostas. Aqui se encontra, também, uma boa parte das nascentes de São Jorge.

Pontos Panorâmicos

Miradouro na zona do Pico da Esperança [PPSJ 4.1] com vista sobre Manadas. Salientam-se, também, as variadas panorâmicas obtidas ao longo dos caminhos florestais de terra batida que percorrem esta unidade.

Apreciação e Orientações para a Gestão da Paisagem

Trata-se de uma paisagem em altitude, de grande beleza natural e formas suaves, muito exposta aos agentes climáticos. São as formas de relevo, associadas à altitude, que conferem a esta unidade a sua identidade, bem reforçada pelo facto de ser muito alongada e coincidir com o “dorso” da ilha. É uma paisagem que transmite sensações fortes associadas à evasão e amplitude de horizontes quando o tempo está limpo e ameno e, pelo contrário, revela-se frequentemente inóspita e agressiva quando as condições climatéricas são adversas. [+]

As comunidades humanas instaladas em São Jorge procuraram tirar o maior rendimento possível das escassas áreas de que dispõem com alguma fertilidade. Neste sentido, as pastagens que dominam largamente nesta unidade podem ser consideradas como genericamente coerentes com as características biofísicas presentes, sobretudo nas áreas mais aplanadas. Tal coerência é no entanto relativa, uma vez que as superfícies de pastagem ocuparam quase por completo vastas áreas até cerca dos 800 metros de altitude, simplificando exageradamente os ecossistemas presentes e esquecendo outras funções importantes que ali deveriam ser asseguradas, nomeadamente a captação e retenção de água com origem na precipitação. No entanto, algumas sebes presentes na delimitação das pastagens desta unidade distinguem-se pela inclusão de vegetação natural endémica, nomeadamente urze [Erica azorica] e são um exemplo que poderia ser seguido nas outras ilhas.

Assim, deverá ser dada uma maior atenção à preservação do património natural, nalguns locais já bastante adulterado, bem como à quantidade e qualidade dos recursos hídricos que aqui têm uma parte fulcral do seu ciclo, e que em geral escorrem rapidamente para o mar, com os consequentes problemas de erosão de terras.