Ordenamento do Território dos Açores
Caracterização e Identificação das Paisagens dos Açores | Graciosa

Página Inicial | Paisagem | Caracterização e Identificação das Paisagens dos Açores | Graciosa | Unidades de Paisagem

G5

Designação da unidade:
G5 | Vale Praia / Luz
Concelhos:
Santa Cruz da Graciosa
Principais povoados:
Praia | Lagoa | Fonte do Mato | Feteira | Canada Longa | Luz | Limeira
Área aproximada:
15 km2

CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE DE PAISAGEM

Síntese Relativa ao Carácter da Paisagem

Trata-se de uma unidade de paisagem constituída por um vale amplo, encaixado entre os dois conjuntos de relevo mais expressivos da ilha: a Caldeira, a sudeste, e as Serras Dormida e das Fontes, a ocidente, prolongando-se desde a costa nordeste da ilha [Praia e Baía da Lagoa] até à sua costa sul [Santo António, Baía da Folga e Baía do Quarteiro]. A presença do oceano é apenas vagamente percebida nos extremos da unidade e a partir das encostas da Caldeira. [+]

Neste vale extenso que atravessa toda a ilha, e cuja parte central é aplanada e de baixa altitude, destaca-se o povoamento linear ao longo de estradas e caminhos, bem como as áreas agrícolas amplas, coincidentes com a Reserva Agrícola Regional nas zonas mais orientais da unidade. Estas áreas agrícolas encontram-se intercaladas por algumas pastagens, em parcelas pequenas a médias, compartimentadas geralmente por muretes de pedra seca [mais raramente por sebes arbustivas]. Também ocorrem diversos pomares compartimentados com um reticulado de sebes, o que confere diversidade à paisagem. Ainda na zona aplanada, existe uma extensão considerável de matas de criptoméria e de alguns maciços de folhosas perenifólias, além de matos que ocupam as antigas vinhas agora abandonadas.

Trata-se de uma unidade que se sente muito ativa e dinâmica, polarizada na Praia, principal núcleo urbano de média dimensão, do tipo linear-aglomerado organizado a partir da via marginal, onde se concentra algum comércio e se verifica alguma expansão da construção. De entre o património deste aglomerado podem destacar-se as suas igrejas e ermidas, e os populares moinhos de vento. Nos arredores da Praia, a sul, as áreas agrícolas constituem um mosaico cultural diversificado, de malha apertada, com parcelas alongadas, delimitadas por muretes de pedra seca ou por sebes de canas. A ocidente da Praia, encontram-se pomares e algumas vinhas sobre biscoito, em quadrícula apertada, mais antigas mas de menor extensão que as da unidade Currais da Graciosa [G1].

Elementos Singulares

O Ilhéu da Praia [ESG4], com cerca de 12 hectares e 50 metros de altitude máxima, apresenta-se revestido de vegetação. A sua costa é baixa a sul e alta a norte. Este ilhéu está classificado como Zona de Proteção Especial [avifauna] e, também, como Reserva Natural, no Parque Natural da Ilha Graciosa, devido aos importantes valores naturais presentes. [+]

A Baía do Filipe [ESG5] é a zona mais abrigada da ilha, enquadrada por arribas de um dos lados e rochedos baixos do outro, onde se encontram algumas vinhas abandonadas e um pequeno núcleo de habitações. É notável a densidade do coberto vegetal natural da encosta de declive suave que confina com o oceano. Essa relação privilegiada com o mar tem despertado o interesse desta zona para veraneio, sendo já considerada como um importante centro de mergulho.

Pontos Panorâmicos

A partir da estrada regional, pode observar-se uma panorâmica interessante sobre o litoral nordeste da Praia e sobre parte do vale Praia/Luz [PPG 5.1]. [+]

Miradouro da Senhora da Saúde [PPG 5.2], com boa panorâmica sobre a unidade, nomeadamente da Praia e seu ilhéu.

Baía da Folga [PPG 5.3] – porto pesqueiro, de onde se tem “uma visão esplendorosa sobre a ilha perpétua que é S. Jorge” [Melo, 2000].

Imediações da Gruta da Maria Encantada [PPG 5.4], também com amplas panorâmicas sobre a unidade e áreas limítrofes.

Apreciação e Orientações para a Gestão da Paisagem

É uma paisagem que denota uma clara identidade, resultante da sedimentação das formas de ocupação e exploração a que tem sido sujeita ao longo dos tempos, na maior parte dos casos, em harmonia e coerência com a sua aptidão natural. Esta paisagem fértil e produtiva é sentida como relativamente interiorizada e ao abrigo dos ventos agrestes do Atlântico. A distribuição das edificações denota alguma desorganização perante a aptidão agrícola dominante, verificando-se também uma redução da qualidade arquitetónica das construções mais recentes. [+]

Para não reduzir mais a biodiversidade nesta ilha os matos naturais deverão ser conservados, quer em terrenos de biscoito, quer noutros impróprios para culturas mais rentáveis. A fruticultura e a viticultura terão condições para serem recuperadas e valorizadas, através de ações integradas em programa global abrangendo a ilha ou mesmo a Região.