Ordenamento do Território dos Açores
Caracterização e Identificação das Paisagens dos Açores | São Miguel

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SM8

Designação da unidade:
SM8 | Picos
Concelhos:
Ponta Delgada
Principais povoados:
-
Área aproximada:
35 km2

CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE DE PAISAGEM

Síntese Relativa ao Carácter da Paisagem

Esta paisagem, de altitude mediana e relevo suave, é limitada a ocidente pela Plataforma de Ponta Delgada [SM7] e a oriente pela Serra de Água de Pau [SM9]. É muito característica a presença de vários cones vulcânicos que conforma a denominada Região dos Picos, uma zona de vulcanismo fissural que é a formação geológica mais recente a ilha. Estes cones vulcânicos destacam-se não só pela sua morfologia muito especial mas, também, pelo revestimento com matas e extensas porções de solos pedregosos. Predominam as pastagens, geralmente compartimentadas por muretes de pedra seca, com algumas matas mistas, nomeadamente de acácias, criptomérias, eucaliptos ou pinheiros. Destaca-se uma rede de canadas que facilita o acesso às pastagens. [+]

O facto de esta unidade ocupar a faixa central entre Ponta Delgada e Ribeira Grande, confere-lhe um sentido de interioridade, marcado também, pela fraca densidade populacional. Apenas se destaca o povoado linear - aglomerado do Cabouco considerado de interior e em altitude, mas com amplas vistas para o mar, situação rara em todas as ilhas açorianas. Com o traçado de novas vias rápidas que atravessam a unidade a oriente, no sentido transversal, tem-se verificado uma significativa expansão urbana em volta do Cabouco, a sul, onde também se instalou o parque industrial, e a norte, para o interior de Rabo de Peixe e Pico da Pedra.

É uma zona pouco procurada para lazer ou turismo, à excepção do Campo de Golfe da Batalha. Desenvolve-se nesta unidade uma importante actividade de extração de inertes para construção civil, registando-se a existência de várias pedreiras ou cascalheiras a sul de Rabo de Peixe, algumas com forte impacte sobre a paisagem, o que também acontece com o aterro sanitário, localizado a oeste do Pico das Murtas.

Pontos Panorâmicos

Amplas panorâmicas sobre Lagoa e Ponta Delgada observadas das zonas altas do Cabouco [PPSM 8.1]. [+]

Cruz [PPSM 8.2].

Panorâmicas de toda a envolvente vistas a partir dos cumes dos principais picos, nomeadamente do Pico de Lima [PPSM 8.3] e Pico do Fogo [PPSM 8.4].

Apreciação e Orientações para a Gestão da Paisagem

É uma paisagem com alguma identidade resultante do ritmo e da textura que nela imprimem os cones vulcânicos, o que representa um potencial narrativo ao nível da história natural. Como tal, esta morfologia não deverá ser comprometida por excessivas movimentações de terras associadas à instalação ou corte de floresta, bem como à exploração de indústrias extrativas, sendo relevante entender os “Picos” como elementos identitários da paisagem. [+]

As linhas de água devem merecer uma atenção especial de modo a garantir a sua limpeza e conservação das margens, assegurando que possam desempenhar as suas funções ecológicas e minimizar o risco de cheias ou de derrocadas a jusante. Por outro lado, e numa perspetiva de fomento do recreio e do lazer ao ar livre, deverão ser definidos percursos pedestres entre as freguesias, nos quais a aproximação ou fruição dos cursos de água deverá ter um papel importante, o que reforça a necessidade de cuidar dos aspetos relacionados com a sua qualidade ambiental e paisagística.

A gestão racional das matas deverá ser feita de forma integrada, de modo a conservar a flora indígena mais representativa ou rara, não avançando as pastagens para zonas demasiado inclinadas. Deverá igualmente considerar-se a compartimentação da paisagem com sebes vivas, de composição adequada aos solos e clima locais e incluindo espécies autóctones como por exemplo a urze [Erica azorica], o azevinho [Ilex perado ssp. azorica] ou outras. Deverá ainda evitar-se a dispersão de construções fora dos perímetros urbanos, bem como a abertura indiscriminada de novas estradas ou caminhos.

Entende-se ser importante que a paisagem resulte de um mosaico diversificado com uma estrutura produtiva e de conservação equilibrada, chamando-se especial atenção para a agricultura de autossuficiência que deverá contar com apoios ajustados aos pequenos agricultores. Por outro lado, a florestação deverá dar prioridade às espécies autóctones que permitam uma eficiente retenção de água no solo e o combate à erosão, de que poderão ser exemplo a faia [Morella faya] e o pau-branco [Picconia azorica].