Ordenamento do Território dos Açores
Caracterização e Identificação das Paisagens dos Açores | São Miguel

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SM5

Designação da unidade:
SM5 | Sete Cidades
Concelhos:
Ponta Delgada
Principais povoados:
Sete Cidades
Área aproximada:
22 km2

CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE DE PAISAGEM

Síntese Relativa ao Carácter da Paisagem

Esta unidade, constituída pela caldeira das Sete Cidades e pela Zona das Lagoas / Pico do Carvão, apresenta uma grande diversidade paisagística, onde dominam as Lagoas Verde e Azul no interior de uma antiga e gigantesca cratera vulcânica, que se destaca de toda a paisagem oeste de São Miguel. A paisagem apreendida do seu interior é rigorosamente contida por enormes “paredes”, umas vezes abruptas, outras vezes espraiando-se suavemente ao encontro do plano de água, sobre o qual paira frequentemente uma densa bruma. Este conjunto encerra uma extraordinária beleza natural, que tem dado origem a algumas lendas, relacionando-a, por vezes, com a misteriosa Atlântida. [+]

Para além das cerca de duas dezenas de lagoas existentes nesta unidade de paisagem, é notável, no interior da caldeira das Sete Cidades, o extenso vale aberto com pastagens, marginado com matas de criptoméria, que se desenvolve a sudoeste, desde a Seara até quase ao limite sul da Lagoa Verde. Ainda há poucas décadas, estas pastagens permanentes nas zonas menos declivosas e as matas envolventes nas zonas mais inclinadas do vale, vieram substituir, por arroteamento e nivelamentos de terra, os matos até então ali existentes. É também de assinalar o vale com pastagens, situado a sudeste das Lagoas de Santiago e Rasa, a maior altitude que o anterior, parcialmente atravessado pela estrada regional de ligação ao núcleo urbano das Sete Cidades. Este núcleo localiza-se na margem ocidental da Lagoa Azul e liga-se à margem oriental por uma delicada ponte, interessante apontamento de humanização da paisagem em confronto com o claro domínio da sua componente natural.

Pontos Panorâmicos

“Vista do Rei” [PPSM 5.1], miradouro junto da estrada regional, situado na cumeeira das Sete Cidades, a sul da Lagoa Verde, de onde se observa uma panorâmica excecional: a famosa vista das duas lagoas no fundo da ampla cratera. [+]

Linha panorâmica ao longo do caminho que circunda as duas lagoas, pelas cumeeiras [PPSM 5.2 e PPSM 5.5].

Miradouro da Lagoa de Santiago [PPSM 5.3], com vista para o interior de uma cratera secundária, profundamente encaixada.

Miradouro da Lagoa do Canário [PPSM 5.4], de onde se obtém uma perspetiva diferente da cratera com as Lagoas Verde e Azul em fundo.

Apreciação e Orientações para a Gestão da Paisagem

É uma unidade de enorme valor paisagístico, traduzido através de uma forte identidade, e com grande capacidade narrativa ao nível da geomorfologia e da história da ocupação do solo. O famoso conjunto das Lagoas Verde e Azul é considerado um dos ex-libris dos Açores, sendo uma das razões para a sua classificação como Paisagem Protegida. As sensações provocadas por esta paisagem serão sempre muito intensas devido à força excecional que dela emana: grande beleza e tranquilidade, grandiosidade em simultâneo com calma e suavidade, admiração e respeito pelas forças naturais que ali se desencadearam, mas também pela sabedoria que permitiu a instalação de comunidades humanas que souberam tirar partido e acrescentar valor às condições naturais. [+]

A excecional qualidade e a fragilidade paisagística desta unidade obrigam ao controlo atento da sua ocupação e uso, através do cumprimento de planos de ordenamento e gestão eficazes, nomeadamente contrariando novas construções fora do núcleo urbano, limitando a abertura de novas estradas ou caminhos e condicionando alterações das utilizações agrícolas e florestais. Merece atenção a existência de uma pedreira com impacte visual negativo e riscos de erosão associados, situada a oeste do Pico do Carvão e próxima da estrada. O Plano de Ordenamento da Bacia Hidrográfica da Lagoa das Sete Cidades é um instrumento fundamental para combater os graves problemas de eutrofização da Lagoa, equacionando de forma integrada o ordenamento daquela bacia hidrográfica e permitindo salvaguardar a qualidade e identidade desta unidade de paisagem, principalmente através do controlo do uso das pastagens.