Ordenamento do Território dos Açores
Caracterização e Identificação das Paisagens dos Açores | São Miguel

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SM4

Designação da unidade:
SM4 | Nordeste
Concelhos:
Nordeste
Principais povoados:
Algarvia | Santo António de Nordestinho | São Pedro de Nordestinho | Nordeste | Lomba da Fazenda | Lomba do Moio
Área aproximada:
63 km2

CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE DE PAISAGEM

Síntese Relativa ao Carácter da Paisagem

Nesta unidade, o relevo é muito vigoroso e enérgico, associado, no geral, a uma vegetação densa e escura. As encostas, muito inclinadas, são seccionadas por inúmeras ribeiras, algumas delas com caudal permanente, correndo em vales encaixados e profundos. [+]

Nas menores altitudes, entre os 200 e os 250 metros, dominam as áreas agrícolas, intercaladas com algumas pastagens, em parcelas pequenas a médias, compartimentadas por muretes de pedra seca ou sebes vivas. Seguem-se nas encostas as áreas de pastagem, predominantes até cerca dos 500 metros de altitude, em parcelas tendencialmente regulares, por vezes delimitadas por sebes que integram urze [Erica azorica], seguindo-se algumas matas mistas de folhosas perenifólias. Nas altitudes superiores aos 450/500 metros, dominam as matas de criptoméria e, na zona mais elevada e declivosa, os matos diversificados, entrecortados por grande número de linhas de água.

Trata-se da zona mais fria de São Miguel, exposta a norte e nordeste, subindo até ao Pico da Vara, a 1103 metros de altitude, o ponto mais alto da ilha. Este é um dos últimos locais de São Miguel onde se observa a presença de vegetação natural endémica, sobretudo nas zonas de maior altitude, podendo encontrar-se as seguintes espécies: azevinho [Ilex perado ssp. azorica], uva-da-serra [Vaccinium cylindraceum], sanguinho [Frangula azorica], ginja [Prunus azorica], folhado [Viburnum treleasei], pau-branco [Picconia azorica], feto-de-cabelinho [Culcita macrocarpa] e tamujo [Myrsine africana]. É também habitat do priôlo [Pyrrhula murina], ave que há poucos anos fora dada por extinta [Bannerman e Bannerman, 1966]. No Planalto dos Graminhais encontram-se importantes zonas de turfeiras que permitem a retenção de água em altitude, num local onde a pluviosidade e humidade são muito elevadas e os problemas de erosão são relevantes.

Nesta unidade, os aglomerados surgem ao longo da costa, com relativa continuidade e junto à estrada regional. Pela distância aos principais centros urbanos da ilha e pelas difíceis acessibilidades, ao Nordeste sempre esteve associada a ideia de um certo isolamento. No entanto, a construção da nova via rápida esbate esse isolamento, ao mesmo tempo que deixa uma marca impositiva na paisagem.

Desta unidade faz parte o Pico da Vara, que se encontra classificado como Reserva Natural, e a Serra da Tronqueira e Planalto dos Graminhais, classificados como Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies, ambos integrados no Parque Natural da Ilha de São Miguel.

Pontos Panorâmicos

Panorâmica obtida a partir do Pico da Vara [PPSM 4.1] sobre toda a parte oriental da ilha. [+]

Ao longo da estrada regional encontram-se magníficos pontos de vista sobre a unidade, com destaque para os Miradouros da Ponta da Madrugada [PPSM 4.2] e do Farol de Nordeste [PPSM 4.4].

Miradouro da Ponta do Sossego [PPSM 4.3].

Na Achada, no limite oeste da unidade, obtém-se uma perspetiva sobre a costa muito alta que se prolonga até à ponta nordeste da ilha [PPSM 4.5].

Apreciação e Orientações para a Gestão da Paisagem

Trata-se de uma paisagem com uma significativa identidade, de grande interesse natural onde, em parte, se mantém uma situação parecida à que existia ao tempo do povoamento inicial da ilha. Estão ainda presentes grandes extensões de vegetação natural, apesar das áreas em que aquela foi substituída por matas de criptoméria [e de outras espécies], principalmente em meados do século XX. Estes povoamentos florestais extremes e em manchas contínuas de grande dimensão, pela excessiva simplificação que representam, constituem uma exceção à generalizada coerência do restante zonamento desta unidade. Outro problema presente tem a ver com a invasão de plantas exóticas, como é o caso do folhadeiro [Clethra arborea], espécie pertencente à Laurissilva madeirense, e da roca [Hedychium gardneranum]. Também a erosão nas encostas muito declivosas constitui um problema que afeta pessoas e bens. [+]

Em termos de ordenamento, deverá apontar-se para a manutenção da área de vegetação autóctone, bem como para o reordenamento das manchas florestais mais desequilibradas, para o controle das espécies exóticas e proteção do solo contra a erosão hídrica. Deve ter-se em especial atenção a valorização dos usos agrícolas e pastoris, bem como a necessária qualificação dos aglomerados urbanos.