Este item permite proceder à divulgação dos objetivos de qualidade de paisagem e das orientações para a gestão da paisagem dos Açores, com base nas paisagens identificadas, incluindo as respetivas caracterizações, elementos singulares e pontos panorâmicos, promovendo o conhecimento adquirido e o acompanhamento das políticas públicas de paisagem.
Página Inicial | Paisagem | Caracterização e Identificação das Paisagens dos Açores | Terceira
Caracterização da Paisagem
- Mistérios Negros – SIARAM
- Vista para as Furnas do Enxofre com a Serra de Santa Bárbara ao fundo - SIARAM
- Mistérios Negros – SIARAM
- Vista da costa norte da Serra de Santa Bárbara – SIARAM
- Monte Brasil com Angra do Heroísmo em segundo plano – SIARAM
- Pastagens - RC
- Vista para a Achada - SIARAM
A ilha Terceira, com 400 km2, foi a terceira ilha do Arquipélago a ser descoberta, anteriormente ao ano de 1450, e é a sua terceira maior ilha, a seguir a São Miguel e ao Pico. De formato elíptico, a Terceira tem cerca de 29 km de comprimento, de leste a oeste, e 17,5 km de largura, de norte a sul, sendo a sua maior altitude atingida no alto da Serra de Santa Bárbara. [+]
Muito sinteticamente podemos considerar esta ilha constituída por duas partes distintas: a ocidental, montanhosa, mais alta e com património natural mais significativo, ocupando pouco mais de metade da ilha; e a parte oriental, mais baixa e plana. As maiores altitudes da parte ocidental situam-se na Serra de Santa Bárbara [1021 metros, na extremidade ocidental da Terceira], no Pico Alto [808 metros, quase a meio desta] e na Serra do Morião, também denominada Serra da Nasce Água [632 metros, a norte de Angra do Heroísmo], correspondendo a uma das vertentes da Caldeira de Guilherme Moniz. A parte oriental é dominada pela Achada – enorme extensão de pastagens de compartimentação ampla e muito regular em parcelas muradas designadas cerrados, praticamente plana, com uma altitude média da ordem dos 390 metros – e, a norte desta, pela planície do Ramo Grande, ainda mais extensa, com altitude média um pouco acima dos 200 metros e declives muito suaves nas zonas baixas desde o litoral, ligeiramente acentuados nas maiores altitudes, até à Serra do Cume que a atravessa delimita a norte e nordeste.
A geologia da ilha Terceira é dominada por quatro vulcões centrais com caldeira, localizados na extremidade oeste [vulcão de Santa Bárbara], na área central-norte da ilha [vulcão do Pico Alto], na zona central-sul [Guilherme Moniz, a maior caldeira vulcânica dos Açores], e na parte sudeste da ilha [Cinco Picos]. Estes aparelhos vulcânicos compósitos estão conectados mediante uma zona de vulcanismo fissural, com vários cones de escórias, onde ocorreu a erupção histórica de 1761 no Pico Gordo [Nunes, 2000]. Os materiais vulcânicos emitidos a partir desta zona fissural cobrem igualmente a área sudoeste da ilha, onde se sobrepõem aos depósitos dos vulcões centrais de Guilherme Moniz e Cinco Picos. Este último vulcão compósito é o mais antigo da Terceira e os seus depósitos distribuem-se essencialmente para este.
Nesta ilha existe uma praia de grande dimensão, de areia, na Praia da Vitória, agora parcialmente abrangida pelo porto oceânico ali construído há poucos anos.
A ilha Terceira também é banhada por um braço da corrente quente do Golfo, que lhe modera a temperatura do ar. A influência oceânica, que reduz as amplitudes térmicas e aumenta a humidade relativa do ar, bem como a presença frequente do Anticiclone dos Açores, com altas pressões atmosféricas, determina um clima oceânico temperado [com temperaturas do ar na ordem dos 17º C], húmido e chuvoso, muito instável e com queda de chuva estival considerável. Aqui, a pluviosidade é mais alta que nas ilhas do grupo oriental e menor que nas Flores e no Corvo.
Devido à inexistência de desníveis tão acentuados como nalgumas outras ilhas do Arquipélago, não são frequentes as linhas de água [localmente denominadas grotas], tão encaixadas como as que existem nalgumas paisagens de São Miguel, das Flores ou mesmo de São Jorge, cujos leitos passaram a ser o manto de lava basáltica solidificada, posto a descoberto pela erosão dos materiais que sobre ele se foram depositando. Na Terceira, os leitos das numerosas ribeiras escavados nas encostas, de caudal temporário [a maioria] ou permanente, devem-se à ação das chuvas, especialmente intensas nas zonas mais altas, fazendo-as desaguar ao longo de toda a costa [com menor densidade na costa nordeste, no troço Agualva-Praia da Vitória, e a sul, no troço São Mateus-São Sebastião, onde os declives das encostas são também menores].
A regular distribuição das chuvas ao longo do ano é um valioso contributo para a permanência de uma forte riqueza de vegetação. Variando a precipitação com a altitude e um pouco com o relevo, mais enérgico a oeste, como já referido, assim também variam os tons cromáticos do coberto vegetal da ilha, quer pela fase do desenvolvimento de cada cultura e sua diversidade, quer pela dominância desta ou daquela espécie de vegetação nativa, de onde se podem destacar, pela sua representatividade e importância nos sistemas ecológicos, a urze [Erica azorica], a faia [Morella faya], o cedro-do-mato [Juniperus brevifolia] e o azevinho [Ilex perado ssp. azorica].
Como áreas em que dominam os sistemas agrícolas/pecuários destacam-se entre as demais:
Achada, sem paralelo em todo o Arquipélago, sobretudo pela extensão e uniformidade da sua superfície plana e pelo reticulado quadrangular das folhas de cultura de grande dimensão e regularidade no seu conjunto [cerrados e courelas], com predominância de pastagem e sem qualquer povoado;
Ramo Grande, vasta encosta de declive muito suave de paisagem diversificada, onde dominam as amplas áreas agrícolas intercaladas por algumas pastagens, em pequenas a médias parcelas, algumas matas e matos em locais mais declivosos. É uma zona em que está presente um povoamento linear quase contínuo [Agualva, Vila Nova, São Brás, Lajes, Fontinhas, Cabo da Praia, Fonte Bastardo, Porto Martins] ou concentrado [cidade da Praia da Vitória, com o respetivo porto e o aeroporto intercontinental, ambos com forte presença na paisagem]. A vertente nordeste da Serra do Cume, ocupada por parcelas de pastagem, é amiúde atravessada de cima a baixo por ribeiras de regime torrencial, arborizadas;
Contendas, área menos extensa que as anteriores, composta por um mosaico cultural diversificado, de malha apertada, com raras construções dispersas. Apresenta um relevo ondulado ligeiro e declives pouco acentuados;
Encosta São Mateus/Serreta, desde a costa até ao cume da Serra de Santa Bárbara, onde o relevo é suavemente ondulado. Esta área apresenta uma sucessão de freguesias [povoados] quase contínua, ao longo da estrada regional de circunvalação da ilha, em zona predominantemente agrícola até ao Caminho de Cima, a partir do qual começam a dominar as pastagens, que se mantêm até ao cimo da Serra. Apresenta algumas manchas de povoamentos de criptoméria em locais mais inclinados, entre os 200 e os 800 metros de altitude, acima dos quais dominam os matos baixos e rasteiros, em solos geralmente húmidos. Estes matos, ricos em espécies de vegetação endémica e nativa integram diversos tipos de vegetação, de entre as quais se podem destacar as manchas de floresta natural da Laurissilva e as turfeiras, estas últimas comunidades vegetais características de zonas húmidas encharcadas, de elevado interesse pelo seu valor ecológico e pela sua capacidade de retenção de água;
Assumem valor de destaque na ilha Terceira as áreas de biscoito, geralmente associadas à cultura da vinha [”Verdelho”, e não só] em curraletas, delimitadas por muretes de pedra seca recolhida do próprio terreno, para abrigo dos ventos e aumento da temperatura. Um dos locais, quiçá mais famoso pelo vinho que produz, é denominado Biscoitos. Localiza-se na costa norte da ilha e é atualmente um sítio muito apetecido para veraneio ou lazer, não só pelo ambiente vinhateiro, mas também pelas piscinas naturais oceânicas da Ponta dos Biscoitos na costa rochosa e recortada, com fácil acesso ao mar. Embora muitas das antigas curraletas tenham sido invadidas por mato, com predominância da urze [Erica azorica], mantêm-se ainda ativas algumas adegas e assiste-se a um movimento de recuperação de outras e à reintrodução de vinhas. Em 1990 foi inaugurado, nos Biscoitos, o Museu do Vinho, de iniciativa privada. Em Porto Moniz, na costa oriental, também existem curraletas de vinha sobre biscoito, mas o conjunto não tem a importância do anterior. Paradoxalmente, o abandono da vinha deu lugar ao surgimento de outras áreas de elevado valor natural e paisagístico, como as charnecas macaronésicas endémicas, um dos habitats prioritários da Rede Natura 2000, e mesmo à possível ocorrência de floresta Laurissilva mésica em alguns locais, formação que se encontra extinta em praticamente todas as ilhas;
Noutras zonas, os terrenos de biscoito foram aproveitados para a exploração de matas de pinheiro, de eucalipto e de outras espécies, para produção de madeira ou lenha; ou explorados matos de urze [Erica azorica] e de outras espécies indígenas para lenha, juntamente com algumas exóticas potencialmente infestantes: fona-de-porco [Solanum mauritianum], incenso [Pittosporum undulatum], conteira [Hedychium gardnerianum], aqui menos invasora que em São Miguel, silvas [Rubus ulmifolius] ou até a hortênsia [Hydrangea macrophylla] que, em situações prolongadas de abandono da terra, poderá eventualmente manifestar características de infestante;
Mais esporadicamente foram os terrenos de biscoito também utilizados para quintas de laranja ou pomares, entre meados e fins do século XIX, com os quartéis abrigados por altas sebes talhadas de faia-da-terra [Morella faya], incenso [Pittosporum undulatum], ou faia-de-Holanda [Pittosporum tobira], embora com menor impacte económico e paisagístico que o verificado em São Miguel e no Faial.
- Povoamento linear em São Mateus - SIARAM
- Vegetação autóctone na Serra de Santa Bárbara - SIARAM
- Touro bravo na caldeira de Guilherme Moniz
- Pormenor do vulcanismo secundário existente nas Furnas do Enxofre – SIARAM
- Cidade de Angra do Heroísmo - RC
- Panorâmica da Praia da Vitória - RC
- Padrão do V Centenário da Descoberta dos Açores, Pico das Cruzinhas - SIARAM
- Zona do Algar do Carvão – RC
O coberto vegetal, constituído pela vegetação autóctone juntamente com outros tipos de vegetação introduzida, constitui um importante fator para a diversificação paisagística da Terceira. Como refere Martins [1999], “há uma beleza selvagem nesta policromia em fundo verde de todos os matizes. O verde tenro das uvas-da-serra surge por entre a carapinha de queiró, aqui e ali coroada por finos ramos de tamujo ornados de folhinhas arredondadas...”. [+]
A vegetação primitiva foi substancialmente alterada ou mesmo banida na maioria deste território ilhéu, pela atividade das comunidades humanas ao longo de mais de cinco séculos. Contudo, esta é a terceira ilha dos Açores mais rica em espécies florísticas vasculares [674 espécies], só ultrapassada pelo Faial e por São Miguel, o que prova o relativo valor botânico da flora indígena, com vários endemismos na Caldeira de Santa Bárbara e também na região montanhosa do Pico Alto, mesmo sendo grande a quantidade de espécies introduzidas. Do coberto primitivo da Laurissilva, destaca-se: o loureiro [Laurus azorica], o cedro-do-mato [Juniperus brevifolia], o pau-branco, [Picconia azorica], o tamujo [Myrsine africana], a uva-de-serra [Vaccinium cylindraceum] o azevinho [Ilex perado ssp. azorica], a queiró [Calluna vulgaris e Daboecia azorica], a faia [Morella faya], a urze [Erica azorica], o sanguinho [Frangula azorica], a ginja [Prunus azorica], o folhado [Viburnum treleasei] – como também acontece no Pico, em São Miguel e na Caldeira do Faial.
A fauna é essencialmente constituída por espécies de pequenas dimensões, desde insetos a aves e pequenos mamíferos, entre as quais surge o tentilhão-comum [Fringilla coelebs], a vinagreira [Regulus regulus], o Santo Antoninho [Erithacus rubecula], o melro-negro [Turdus merula], o canário-da-terra [Serinus canaria], a lavandeira [Motacilla cinerea], a narceja [Gallinago gallinago], nos prados mais húmidos, o estorninho-malhado [Sturnus vulgaris], o pardal-doméstico [Passer domesticus], o milhafre [Buteo buteo ssp. rothschildi], o pombo-torcaz-dos-Açores [Columba palumbus ssp. azorica], o coelho [Oryctolagus cuniculus] e o morcego-dos-Açores [Nyctalus azoreum].
Ao descrever a Terceira, Gaspar Frutuoso não se refere tanto ao estado de desenvolvimento da vegetação primitiva, tal como o fez relativamente a São Miguel, mas sobretudo ao processo de povoamento da ilha, que a breve trecho ocuparia um lugar central na administração e no comércio internacional.
Praticamente todas as povoações hoje existentes na ilha Terceira foram criadas antes de terminado o primeiro século após o início do povoamento. À exceção de poucos centros urbanos concentrados – Angra do Heroísmo, Praia da Vitória, São Mateus [concentrado mas com ramificações lineares] e São Sebastião – todos os restantes são lineares, apoiados na estrada regional que circunda a ilha junto à costa, ou nalguma via a ela ligada. Os núcleos urbanos raramente estão localizados acima dos 200 metros de altitude. É também evidente a tendência para a interligação entre os povoados lineares mais pequenos, tão generalizada ao longo da costa, nomeadamente na zona entre Angra do Heroísmo até à Serreta para o lado ocidental da ilha; esta continuidade é retomada mais adiante em Cabo Raminho/Cabouco até Quatro Ribeiras, Terra de João Fernandes Lavrador, que deu o nome à península do nordeste canadiano; segue-se a planície do Ramo Grande e o seu contínuo de povoados a partir de Agualva/Vila Nova a São Sebastião; e, já na costa sul, após breve intervalo de estabelecimentos humanos, a continuidade recomeça na zona da Salga/Porto Judeu e segue quase sem interrupção até Angra do Heroísmo.
Angra do Heroísmo foi a primeira povoação do Arquipélago a ser elevada a cidade em 1534, e é a única que se encontra inscrita na Lista do Património Mundial da UNESCO [1983], constituindo o conjunto de maior valia arquitetónica e urbanística da Região Autónoma dos Açores, quer pela arquitetura civil [Palácio dos Capitães Generais, Solar de Nossa Senhora dos Remédios ou da Família Canto, Paços do Concelho, e os Solares dos Corte-Reais, dos Bettencourt, dos Sieuve de Menezes e da Madre de Deus], como militar [Forte de São Sebastião e Fortaleza de São João Baptista do Monte Brasil], sem esquecer a religiosa [Sé Catedral, Convento de São Francisco, São Gonçalo, Igrejas do Colégio, da Misericórdia e da Nossa Senhora da Conceição].
A Terceira dispõe de dois portos principais, um dos quais em Angra do Heroísmo, que foi durante quase três séculos a maior escala de toda a navegação proveniente do oriente e do ocidente em demanda da Europa. Está abrigado, a poente, pelo Monte Brasil e era defendido dos ataques de piratas e corsários pelos castelos de São João Baptista [ou Forte de São Filipe, Monte Brasil] e de São Sebastião [ou Castelinho, Porto das Pipas]. No fundo do mar envolvente jazem 88 embarcações [das 850 já encontradas nos mares da ilha], afundadas nos tempos áureos da cidade. Foi nesta histórica baía que foi construída uma marina de apoio à navegação de recreio, sobre a qual se gerou grande polémica a favor [pelo lado dos defensores do turismo iatista] ou contra [pelo lado dos que receavam a degradação da zona classificada como Património Mundial].
O património cultural da Terceira contempla outros aspetos de grande relevância para a caracterização da sua paisagem. Desde as “casas da água”, construídas para assegurar o regular abastecimento de água, aos famosos impérios terceirenses que compõem um notável conjunto de cerca de 50 casas do Espírito Santo, distribuídos por toda a ilha, com a sua arquitetura e colorido de aspeto festivo. A festa brava com as 150 touradas à corda ou em praça que se realizam por toda a ilha de maio a outubro, ou as numerosas festas e arraiais terceirenses, desde o Espírito Santo, passando pelas marchas e os teatros populares das Sanjoaninas, as festas de São Carlos e da Serreta, entre outras, assumem uma dimensão e intensidade sem paralelo nas restantes ilhas do Arquipélago.
A Terceira não teve no século XIX um desenvolvimento económico tão exuberante como São Miguel, não alcançando aqui a cultura e exportação da laranja uma importância tão decisiva como o que assumiu naquela ilha ou mesmo no Faial. Talvez por isso não dispõe de parques e jardins tão notáveis como os existentes em São Miguel podendo, no entanto, referir-se o interessante Jardim Municipal de Angra do Heroísmo, com entrada junto à Praça da República e prolongando-se até ao Alto da Memória, com ótimas panorâmicas sobre a cidade e o Monte Brasil e enriquecido com diversos elementos construídos. São de mencionar, ainda, as famosas quintas dos arredores de Angra do Heroísmo, junto à costa até São Mateus, como a Quinta de Nossa Senhora da Oliveira, na Silveira, ou mais para o interior, na zona de São Carlos/Pico da Urze, Palácio de Santa Catarina, Quinta de São Pedro, Quinta de São Carlos, entre outras, além de alguns jardins privados na periferia da cidade, como por exemplo o da Quinta da Nasce Água, em Vinha Brava. Lamentavelmente, algumas dessas quintas estão ameaçadas de destruição e ocupação por novas construções ou urbanizações.
Por outro lado, o surto da pecuária nos anos 60 do século XX fez-se sentir na Terceira de forma bastante evidente, com a expansão das pastagens pelas encostas e planaltos acima dos 200/250 metros de altitude, não tendo porém alterado tão visivelmente as áreas da distribuição tradicional das terras aráveis e das culturas permanentes como em São Miguel. Entre 1989 e 1999, a Superfície Agrícola Útil [SAU] aumentou cerca de 7%, o que ficou a dever-se, essencialmente, a uma franca expansão das pastagens permanentes, enquanto de 1999 a 2009 regrediu quer a SAU [em cerca de 4%], quer as áreas de pastagem permanente que, mesmo assim, em 2009, representavam 84,5% da SAU da ilha.
Os valores que constam no Recenseamento Agrícola de 2009 [SREA, 2009] apontam ainda para uma redução drástica das áreas ocupadas com outras culturas permanentes, descendo de 2337 ha em 2001 para 409 ha em 2009. Paralelamente a estas alterações das paisagens agrícolas, tem-se verificado a expansão, por vezes desregrada, dos maiores centros urbanos da ilha, sobretudo de Praia da Vitória e Angra do Heroísmo. No período entre 2001 e 2011, a ilha Terceira aumentou o seu número de habitantes de 55 833 para apenas 56 062, registando, segundo os dados mais recentes, uma densidade populacional de 146,7 hab/km2.
Sendo a paisagem um fator unanimemente considerado como uma das mais-valias açorianas [embora nesta ilha esse aspeto não seja, na generalidade, tão apelativo como nalgumas outras], haverá que também conservar o valioso património natural da Terceira, mantendo a biodiversidade e controlando imperiosamente o avanço de infestantes.
Salienta-se, a título de exemplo, o coberto natural da Caldeira de Santa Bárbara, o Monte Brasil com a sua variada vegetação autóctone ou, ainda, o Algar do Carvão e as Furnas do Enxofre, exemplos de um património vulcanológico que reflete a especificidade do meio. A atividade turística deverá procurar aqui também outros valores, relacionados com o património arquitetónico ou com manifestações culturais em que a Terceira é soberana na Região.
Face aos vários valores em presença, mormente paisagísticos e culturais e, à semelhança do que se passa nas restantes ilhas, muito influenciadas pelas atividades humanas, há que utilizar ponderadamente o território, cumprindo os planos de ordenamento eficazes e respetivos regulamentos, conciliando a conservação dos recursos naturais e a preservação de bens patrimoniais com vista ao desenvolvimento sustentável das suas populações.
Incidência de Instrumentos de Gestão Territorial
T1 | T2 | T3 | T4 | T5 | T6 | T7 | T8 | T9 | T10 | |
PROTA | ||||||||||
PRA | ||||||||||
PSRN2000 | ||||||||||
PEPGRA | ||||||||||
POTRAA | ||||||||||
PAE | ||||||||||
POOC Terceira | ||||||||||
PDM Angra do Heroísmo | ||||||||||
PDM Praia da Vitória | ||||||||||
PU Porto Martins | ||||||||||
PP Angra do Heroísmo |
Incidência de Regimes e Instrumentos de Conservação da Natureza
T1 | T2 | T3 | T4 | T5 | T6 | T7 | T8 | T9 | T10 | ||
Parque Natural da Ilha de Terceira [PNI Terceira] | TER01 | TER02 | TER03 | TER04 | TER05 | TER06 | TER07 | TER08 | TER09 | TER10 | TER11 | TER12 | TER13 | TER14 | TER15 | TER16 | TER17 | TER18 | TER19 | TER20 |
Rede Natura 2000 [RN2000] | PTTER0017 | PTTER0018 | PTZPE0031 | PTZPE0032 | |||||||
Geossítios | TER 1 | TER 2 | TER 3 | TER 4 | TER 5 | TER 6 | TER 7 | TER 8 | TER 9 | TER 10 | TER 11 | TER 12 |
Biótopos Corine | C235 | C236 | C237 | C238 | C239 | C240 | C241 | C242 | C243 | ||
RAMSAR | 1805 | ||||||||||
Perímetro Florestal | Mata do Estado | NF Serra das Quatro Ribeiras | NF Serra de Santa Bárbara | NF Fontinhas | NF Achada | RF Mata da Serreta | RFR Lagoa das Patas | RFR Monte Brasil | RFR Viveiro da Falca | RFR Mata da Esperança | RFR Mata das Veredas | VF e Centro de Divulgação de Espécies Autóctones |
Perímetro de Ordenamento Agrário | Cinco Ribeiras | Cume Agualva | Paul | Raminho |