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FL3
CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE DE PAISAGEM
Síntese Relativa ao Carácter da Paisagem
- Costa sul - RC
- Encosta com uso agrícola - RO
- Zona interior da ilha - RO
- Vista para a Fajã do Conde e Santa Cruz – SIARAM
- Vista sobre Santa Cruz das Flores - SIARAM
- Arribas costeiras – SIARAM
Esta unidade abrange uma encosta com relevo bastante acidentado e irregular, com os diversos povoados concentrados na faixa litoral e envolvidos por áreas agrícolas, as quais constituem um mosaico de culturas diversificadas, de malha apertada, com parcelas delimitadas por muretes de pedra seca ou sebes vivas baixas a médias. A costa é alta e muito recortada, com pequenos ilhéus dos quais se destaca, pela dimensão, o Ilhéu de Álvaro Rodrigues [ESFL3]. Devido à altura das arribas, uma boa parte destes povoados não têm um fácil contacto com o mar, exceto na Baía da Alagoa, que foi durante séculos o único porto natural acessível da ilha das Flores, quando o vento fustigava a costa sudoeste. Destaca-se a riqueza paisagística, e a grande diversidade de espécies que povoam esta costa. [+]
Nas áreas de menor altitude surgem, por vezes, parcelas de pastagem, matos e matas, cuja densidade aumenta progressivamente até dominarem nas zonas de maior altitude. A encosta é bem marcada pela presença de linhas de água bastante encaixadas e bem revestidas com vegetação, como acontece nos vales das Ribeiras da Fazenda e da Cruz. Na zona de Cedros/ Tapada Nova/ Ponta Ruiva, encontram-se áreas de pastagem compartimentadas predominantemente por sebes de hortênsias de floração estival. A implantação dos aglomerados dos Cedros e Ponta Ruiva, em locais altos e sobranceiros à costa é característica das Flores, onde as lombas de maior largura são aproveitadas para a fixação de população, um pouco à semelhança do que acontece no nordeste de São Miguel, embora a outra escala. De facto, o aglomerado dos Cedros, implantado a mais de 300m de altitude, é um dos mais altos dos Açores.
Nesta unidade de paisagem está implantado, numa plataforma litoral e envolvido por terrenos cultivados, o único verdadeiro núcleo urbano da ilha – Santa Cruz – organizado segundo um nítido traçado planeado, núcleo de reduzida dimensão mas com expansão notável nos últimos anos. Limitado a poente pela pista do aeroporto, este núcleo desenvolve-se em dois sectores distintos, um mais antigo e outro relativamente recente, divididos pela Ribeira do Pomar. É servido por diversos portos, dos quais se pode salientar os Portos de São Pedro e do Boqueirão por serem atualmente zonas balneares, este último onde se localiza a antiga fábrica da baleia, hoje parcialmente convertida num centro de interpretação ambiental. Merecem referência outros povoados, como é o caso dos Cedros [com culturas em socalcos alongados no sentido das curvas de nível junto à falésia], de Ponta Ruiva, de Caveira e outros do tipo linear, como Fazenda de Santa Cruz, numa só rua, em encosta.
Elementos Singulares
O Ilhéu Furado ou Ilhéu Álvaro Rodrigues [ESFL3] localiza-se na costa este da ilha junto à Baía da Alagoa, sendo o maior de um conjunto de outros pequenos ilhéus que abrigam uma importante colónia de garajaus. [+]
O profundo vale da Alagoa, situado na zona costeira em frente a estes ilhéus, desfruta de um microclima particular que lhe permitiu inclusivamente a produção frutícola em tempos recuados, apesar de atualmente este lugar não se encontrar habitado. Junto à costa situa-se o parque de lazer da Alagoa, equipado e próximo dos ilhéus. Este vale encontra-se integrado na Área Protegida da Costa Nordeste do Parque Natural da Ilha das Flores e é visível a partir do miradouro dos Caimbros, localizado junto à estrada regional. Contudo, a presença de uma pedreira a montante, junto à ribeira que atravessa o vale da Alagoa, pode pôr em perigo a estabilidade ecológica deste lugar.
Pontos Panorâmicos
Miradouro das Barrosas [PPFL 3.1], com interessante panorâmica para a encosta nordeste, incluindo Ponta Ruiva. [+]
Miradouro dos Cedros [PPFL 3.2], com boa panorâmica para sul, sobre a costa leste.
Miradouro do Monte das Cruzes [PPFL 3.3].
Vários pontos ao longo da estrada Santa Cruz/ Caveira, inclusive o Miradouro da Matosa [PPFL 3.4], com vistas interessantes quer sobre as arribas costeiras, quer para os vales profundos plenos de vegetação ou para a parte superior da encosta.
Interessante panorama para nordeste, que inclui o vale da Ribeira da Fazenda [PPFL 3.5].
Ponta da Caveira [PPFL 3.6], onde se podem observar interessantes panorâmicas da costa a norte e a sul desta. A Ponta da Caveira encontra-se classificada como Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies.
Apreciação e Orientações para a Gestão da Paisagem
Trata-se de uma unidade com relevo muito movimentado, com declives acentuados, numa sucessão de lombas e vales profundos bem revestidos de vegetação, incluindo arbórea. Na faixa litoral, onde o declive permitiu, construíram-se os povoados e desenvolveu-se a agricultura, mesmo que em áreas diminutas. É uma unidade de paisagem que está especialmente condicionada pelos fatores naturais, mas relativamente estabilizada, embora com alguns sinais de erosão. Assim, terá de ser rigorosamente mantido o coberto vegetal e a adequada drenagem natural, uma vez que o regime de chuvas e o relevo são bastante favoráveis aos processos erosivos. É também necessário ter em atenção a necessidade de recuperação ambiental das indústrias extrativas existentes em zonas muito declivosas, tanto no vale da Alagoa como junto à ribeira de Santa Cruz, próximo de Caveira. [+]
Os diferentes usos, salvo raras exceções, estão de acordo com a aptidão do território que, apesar de bastante intervencionado pelas comunidades humanas, tem ainda boas manchas de vegetação natural onde se acolhe avifauna variada, principalmente na linha de costa e ilhéus mas, também, ao longo das ribeiras mais importantes e da sua rica vegetação marginal.
A localização de novas construções, incluindo habitações, sobretudo sobre a faixa costeira, deverá obedecer a planos de ordenamento e a regras estabelecidas de acordo com a orografia, solos e outras condicionantes ao uso do território.