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F9
CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE DE PAISAGEM
Síntese Relativa ao Carácter da Paisagem
- Cidade da Horta - JMM
- Cidade da Horta - JMM
- Jardim do Largo do Infante - IA
- Cidade da Horta vista do Monte da Guia – SIARAM
- Cidade da Horta – SIARAM
- Cidade da Horta– SIARAM
Unidade localizada no extremo sudeste da ilha, essencialmente constituída por uma encosta de declive suave, aberta ao mar em anfiteatro, sobre o porto comercial e a marina, com o Canal e o Pico ao fundo. Entre a Baía de Porto Pim e a baia do porto da Horta, ergue-se o Monte da Guia [ESF4], excelente miradouro sobre a cidade, com as Caldeirinhas ou Caldeira do Inferno, aberta ao mar pelo lado sul. No outro extremo da unidade, eleva-se a Ponta da Espalamaca, em arriba alta sem vegetação, donde se tem uma clássica panorâmica sobre a Horta. A completar o aro de elevações em volta da cidade, situa-se o Monte Carneiro revestido de matos densos nas encostas. [+]
A Horta, tradicional vila mercantil desde 1498 e elevada a cidade em 1833, é sede do único concelho da ilha. No seu centro histórico existem interessantes exemplos de arquitetura urbana, principalmente dos séculos XVIII e XIX. Esta cidade deve muito do seu desenvolvimento ao porto que foi importante entreposto de comércio do vinho do Pico, mais tarde de exportação da laranja e depois centro baleeiro durante o século XIX e parte do século XX [com a indústria de transformação localizada na Baía de Porto Pim].
A norte da cidade, junto à encosta da Espalamaca, encontram-se férteis manchas de solos [integradas na Reserva Agrícola Regional], terrenos de cultivo em pequenas parcelas compartimentadas com cana, e antigas quintas com sebes talhadas altas, principalmente de cameleiras, que continuam para o Vale de Flamengos [F8].
Elementos Singulares
- Monte da Guia – SIARAM
O Monte da Guia [ESF4], cone de tufos vulcânicos com 146 metros de altitude máxima e com uma antiga cratera dupla [Caldeira do Inferno ou Caldeirinhas] geminada aberta ao mar, a sul, apresentando grande interesse paisagístico e natural, com encostas declivosas revestidas de vegetação autóctone, na parte superior, e terras de cultivo na parte inferior da vertente norte.
Pontos Panorâmicos
Do Monte da Guia [PPF 9.1] [ESF4], onde se localiza a Ermida de Nossa Senhora da Guia, observam-se boas panorâmicas sobre a cidade da Horta e sua baía, sobre as Caldeirinhas, bem como sobre a baía e praia de Porto Pim, e sobre as ilhas do Pico e de São Jorge. [+]
A clássica panorâmica da Horta é a que se avista do Miradouro da Espalamaca [PPF 9.2], de onde se tem vistas magníficas sobre as ilhas do Pico, São Jorge e Graciosa, esta última só em dias claros.
Do miradouro do Monte Carneiro [PPF 9.3], menos visitado que os anteriores, desfrutam-se outras interessantes panorâmicas sobre a cidade da Horta e sua envolvente rural, tendo por fundo o Canal, o Pico e São Jorge.
Ermida da Senhora da Guia [PPF 9.4].
Apreciação e Orientações para a Gestão da Paisagem
O carácter equilibrado e harmonioso da paisagem desta unidade é cada vez mais apreciado e valorizado, numa época em que a maioria das cidades e vilas do país se têm transformado em espaços caóticos, com graves disfuncionalidades que comprometem gravemente a qualidade de vida dos seus habitantes. Não só por esta diferença mas, essencialmente, porque a Horta também mantém ao nível da paisagem uma capacidade de transmitir informação sobre a sua história, sobre as atividades e comunidades que a moldaram ao longo do tempo, há que reconhecer-lhe uma forte identidade. No entanto, a expansão urbana para as zonas mais altas e mais a sul da cidade, junto aos principais equipamentos [hospital e escola secundária], tem tido repercussões na desertificação do centro histórico e na degradação dos edifícios mais antigos. [+]
A especificidade do relevo desta unidade de paisagem, da sua relação com o mar e com a ilha do Pico, da sua morfologia urbana, da transição para os espaços rurais adjacentes, faz com que não se conheçam situações similares, pelo que pode considerar-se como rara ou mesmo única. Também se deve afirmar, no que diz respeito à coerência de usos, que se trata de um caso exemplar de adequação destes às características do território e de equilíbrio entre usos e funções úteis às comunidades humanas, revelando assim um estado de equilíbrio funcional e ecológico muito positivo.
A riqueza biológica desta unidade de paisagem pode considerar-se elevada, sobretudo tendo em conta que integra uma cidade e suas envolventes. Neste sentido, para além da Área de Paisagem Protegida do Monte da Guia, o sítio das Caldeirinhas [Monte da Guia] apresenta também a classificação de Reserva Natural marítima.
É evidente que uma tal profusão de qualidades impõe uma gestão muito exigente que deverá procurar manter e tirar partido dos valores presentes, nomeadamente exigindo qualidade arquitetónica e urbanística nas novas construções, mantendo a presença de uma estrutura verde coerente no seio da cidade, nas encostas sobranceiras e no vale da Ribeira da Conceição [nela se incluindo jardins, quintas, áreas agrícolas, pastagens, matas e matos naturais, a manter ou a recuperar], e valorizando a abertura ao mar e a estreita relação com este.