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F4
CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE DE PAISAGEM
Síntese Relativa ao Carácter da Paisagem
- Caldeira – SIARAM
- Interior da Caldeira – SIARAM
- Caldeira – SIARAM
- Vertente da Caldeira – SIARAM
A paisagem desta unidade, situada no centro da ilha e no interior do seu principal cone vulcânico, tem um carácter marcadamente natural, contendo um valioso património da Laurissilva Hiper-húmida, incluindo várias espécies de flora endémica, sendo considerada pelos especialistas como um dos núcleos de maior diversidade florística dos Açores. Trata-se de uma unidade de paisagem isolada e fechada por limites muito precisos, os bordos da caldeira, caracterizando-se por um clima agreste, com baixas temperaturas, nevoeiros frequentes e ventos fortes na sua parte superior. [+]
As vertentes da caldeira, são muito íngremes e completamente revestidas de matos naturais, enquanto o fundo é aplanado, com vários charcos temporários e diversos tipos de turfeiras. Esta é uma das mais importantes reservas naturais da ilha e até do Arquipélago, não só devido à presença de habitats prioritários para a conservação da natureza mas também de espécies endémicas que apresentam estratégias de sobrevivência e de dispersão menos evoluídas. As mais raras necessitam de condições muito especiais para sobreviver, como é o caso da angélica [Angelica lignescens] e da Lactuca watsoniana, uma antiga alface gigante.
Esta unidade é frequentada por diversas aves com interesse conservacionista, justificando a sua classificação como Zona de Proteção Especial. As suas cumeeiras são os melhores miradouros da ilha nos dias de céu límpido, permitindo observar não só toda a caldeira, como grande parte do Faial, assim como o Pico, São Jorge e Graciosa.
Pontos Panorâmicos
Apreciação e Orientações para a Gestão da Paisagem
Trata-se de uma paisagem de grande beleza e qualidade natural, limitada a uma caldeira de abatimento em local de difícil acesso, invisível do exterior, isolada e distante dos povoados, muito agreste em termos climáticos, pelo que foi muito pouco intervencionada pelas comunidades instaladas na ilha. Quando ocorreu a erupção dos Capelinhos, em 1957/1958, ocorreram fumarolas na caldeira, tendo havido ligeiras alterações no fundo daquela. Também houve modificações durante um dos últimos abalos sísmicos locais, que causaram uma fuga de água da lagoa e o seu consequente desaparecimento; existem atualmente no fundo da caldeira diversas comunidades de zonas húmidas e charcos temporários. [+]
No que diz respeito a sensações, podem destacar-se nesta unidade o isolamento, a inacessibilidade, o desconforto climático e a quietude. Com exceção do voo de algumas aves e do efeito do vento sobre a vegetação, tudo parece estar parado. Esta falta de movimento na paisagem contrasta profundamente com a velocidade das nuvens e nevoeiros que rapidamente destapam ou encobrem a caldeira, por vezes deixando entrever toda a sua extensão só por escassos momentos. A frequente luz coada por neblinas e nevoeiros dá origem a uma monotonia cromática em toda a caldeira, com o domínio do verde-escuro nas encostas e de outros tons de verde no seu fundo, que correspondem a zonas de prados naturais e de charcos temporários, ou a turfeiras e áreas de vegetação da Laurissilva.
A presença de pastagens nas zonas exteriores mas imediatamente adjacentes aos bordos da caldeira e a sua compartimentação por sebes de hortênsias fazem perigar o importante património natural que existe no seu interior. De facto, um dos maiores riscos que esta unidade de paisagem apresenta é a entrada de vegetação exótica de características invasoras, pelo que a retirada das hortênsias na sua envolvente e sua substituição por outras espécies [de preferência da flora autóctone, sem riscos de proliferação descontrolada] é uma importante medida a equacionar.