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F3
CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE DE PAISAGEM
Síntese Relativa ao Carácter da Paisagem
- Vista a partir do Miradouro da Ribeira das Cabras - RC
- Zona interior da ilha - RC
Unidade de paisagem constituída pela vertente poente da Caldeira, com vários cones vulcânicos secundários, ou picos, mais ou menos alinhados na direção este-oeste e entrecortada na zona superior, mais inclinada, por várias grotas arborizadas. A média encosta inflete para norte e para sul até ao mar, através de uma zona de mistério coberta por matos, de declive regular e pouco acentuado, que estabelece a transição para a área escura e árida dos Capelinhos. Em toda a unidade o mar [apesar de estar mais ou menos longínquo] e a Caldeira são dois elementos de forte referência. [+]
De uma forma geral, os usos do solo nesta unidade encontram-se distribuídos de acordo com a altitude, sendo o litoral ocupado principalmente por campos agrícolas e pastagens, mas onde também se verifica a existência de matos costeiros nativos e endémicos, estes últimos com estatuto de proteção. As zonas de meia encosta têm principalmente matas enquanto as de maior altitude se encontram cobertas por matos e por algumas pastagens. Na envolvente de Fajã da Praia do Norte [ESF1], dominam as vinhas. Este é um povoado com um pequeno núcleo central mais ou menos concentrado, onde se destaca um conjunto de adegas e de casas de férias dispersas pela encosta branda, entre vinhas e matos.
Elementos Singulares
- Praia do Norte; praia da Fajã - JMM
A Fajã da Praia do Norte [ESF1] é um povoado perto do mar, onde predominam adegas e casas de férias dispersas, em zona de mistério, entre matos e vinhas, numa encosta suave junto ao desnível acentuado que faz a transição abrupta para a Praia do Norte, já a uma altitude superior a 200 metros. Trata-se de um conjunto de notável harmonia e com uma escala humana muito agradável, junto a uma boa praia, a Praia da Fajã, de areia preta que chega ao sopé de uma alta arriba.
Pontos Panorâmicos
Pode obter-se uma boa perspetiva de quase toda a unidade a partir do limite superior, no bordo ocidental da Caldeira [PPF 3.1]. [+]
Apreciação e Orientações para a Gestão da Paisagem
Trata-se de uma paisagem diversificada, ampla, aberta, com reduzida edificação e com uma vasta área de vegetação natural, estável na zona de mistério e sujeita a fenómenos erosivos nas zonas declivosas das encostas da Caldeira e dos cones secundários. Esta paisagem resulta, numa primeira fase, da erupção da Caldeira e, posteriormente, também da dos cones secundários, onde se inclui a erupção de 1672, que cobriu de manto basáltico os terrenos de menor altitude que atualmente constituem a zona de mistério. [+]
Os diferentes usos atualmente presentes nesta unidade de paisagem são no geral coerentes com as suas aptidões naturais, podendo, no entanto, ser mais diversificados e cuidados relativamente à defesa contra a erosão, particularmente sensível nas zonas superiores, mais próximas do bordo da Caldeira, com declives acentuados e com a presença de grotas. Neste sentido será negativa a substituição de matos naturais por pastagens artificiais e por povoamentos florestais de exóticas. Também se prevê riscos de degradação no caso de se verificar um crescimento das atividades turísticas na envolvente da Fajã e da sua praia sem consideração pelos valores presentes.
Com exceção da Fajã da Praia do Norte, esta unidade de paisagem é a que tem na ilha a menor presença humana, uma vez que quase só é atravessada de passagem para os Capelinhos ou objeto de curtas paragens para gozo de umas horas nos parques florestais e de merendas. Para além da conservação do património natural e do melhor aproveitamento dos recursos presentes, as orientações para a gestão desta unidade de paisagem devem pautar-se pela valorização do núcleo da Fajã da Praia do Norte, no sentido de tirar o melhor partido de uma ambiência tão especial sem a banalizar e destruir através de construções, vias ou outras infraestruturas desintegradas.