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F1
CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE DE PAISAGEM
Síntese Relativa ao Carácter da Paisagem
Pormenor da Ribeira das Cabras - RO
Ribeira das Cabras - RC
Esta unidade de paisagem, constituída pela encosta norte da ilha desde a costa até ao bordo superior da Caldeira, a cerca de 900 metros de altitude, é limitada a ocidente pela Praia do Norte e a oriente pela Ribeirinha. A parte inferior da encosta é relativamente plana e atravessada por cursos de água que cavaram leitos mais ou menos profundos relativamente ao nível médio do terreno [localmente denominados grotas] e que estão revestidos com vegetação arbustiva ou arbórea. Na base da encosta, concentra-se a utilização agrícola que envolve o povoamento linear disposto em cordão paralelo à costa, compreendendo os aglomerados da Ribeirinha, Espalhafatos, Salão, Cedros, Ribeira Funda e Praia do Norte. Apenas nos Cedros, um dos aglomerados mais antigos da ilha, o povoamento encontra-se mais concentrado desenvolvendo-se também junto a vias perpendiculares à costa. Os troços médio e superior da encosta são mais inclinados, onde dominam as pastagens divididas por sebes de hortênsias e surgindo nas zonas mais declivosas do bordo da Caldeira os matos diversificados, entrecortados por grande número de linhas de água e por alguns povoamentos de criptoméria. A costa é em arriba alta entre Praia do Norte e Ponta dos Cedros e, um pouco menos alta, entre Cedros e Salão, e voltando a aumentar de altura na Ribeirinha. [+]
Os povoados são no geral desinteressantes, quer no que diz respeito à sua estrutura urbana [ao longo das estradas], como às características arquitetónicas dos edifícios que neles se integram, mesmo os edifícios públicos como é o caso das igrejas. Grande parte desta unidade foi fortemente afetada pelo sismo de julho de 1998. São ainda visíveis diversos elementos da arquitetura de produção tradicional - como cisternas, toldas, eiras e mesmo alguns moinhos e fontanários – que, em conjunto com a presença de culturas agrícolas diversificadas [como é o caso dos Cedros], imprimem um forte carácter rural à paisagem. A norte, o mar é uma presença constante em toda a unidade sendo interessantes as vistas sobre São Jorge.
Pontos Panorâmicos
Da estrada regional, a meia encosta [PPF 1.1], observam-se boas panorâmicas parciais da unidade, desde o bordo da Caldeira até à costa, onde “A paisagem é quase sempre a mesma, aprazível e bucólica, mas não impressionante nem majestosa. Talvez que o melhor panorama em toda a ilha seja entre a cidade e os Cedros, onde existe uma série de aprazíveis vales, alguns deles razoavelmente arborizados e todos com o cunho de cuidada civilização” [Bullar e Bullar, 1941]. [+]
O Miradouro da Ribeira Funda [PPF 1.2], com vista sobre o litoral noroeste, oferece uma visão da paisagem rural, com campos, pastagens, matas de criptomérias e sebes de urze ou hortênsias. Esta zona de costa encontra-se protegida pela sua importância na preservação de habitats costeiros com interesse para a conservação da natureza.
Nos Cedros [PPF 1.3], esplêndida visão panorâmica da zona norte da ilha.
Junto às ruínas do farol da Ponta da Ribeirinha, tem-se uma interessante vista sobre a costa [PPF 1.4].
Apreciação e Orientações para a Gestão da Paisagem
Esta unidade de paisagem tem um claro carácter rural, a que se associam sensações de harmonia, calma e suavidade. O zonamento que se verifica ao longo da encosta em termos de uso está, no geral, de acordo com as limitações do clima, do relevo e do solo, o que permite afirmar existir na unidade de paisagem uma efetiva coerência de usos e uma multifuncionalidade que deverá manter-se para o futuro. [+]
Tal como em outras unidades de paisagem, também nesta há que equacionar os cuidados a ter relativamente à implantação de novas construções, sobretudo fora dos perímetros urbanos definidos nos planos de ordenamento, mormente junto à orla costeira, e na manutenção/reconstrução dos edifícios existentes respeitando o que de mais interessante têm as tipologias tradicionais, incluindo a sua relação com a paisagem, os seus usos e funções. Importa referir que a reconstrução que se seguiu ao sismo de julho de 1998 introduziu alterações com impactes negativos no edificado desta unidade.
Julga-se ser do maior interesse evitar a plantação de novos povoamentos florestais de espécies exóticas nas zonas de média e grande altitude, com o sacrifício da já reduzida área de vegetação natural. Também não é aconselhável substituir por pastagens parcelas de agricultura diversificada, nas zonas baixas da encosta, ou de matos, nas zonas mais altas.