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SM2
CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE DE PAISAGEM
Síntese Relativa ao Carácter da Paisagem
- Pico do Carvão: vista para a costa norte - RC
- Santo António Além Capelas: campos agrícolas junto a uma quinta - RC
- Ribeira Grande - RC
- Ponta do Cintrão – SIARAM
- Vista para a cidade da Ribeira Grande – SIARAM
A presente unidade de paisagem situa-se numa zona ampla e plana, de baixa altitude e suave declive, muito fértil e intensamente humanizada, na costa norte da ilha. A relação com o mar, sempre próximo, nem sempre é direta devido à inacessibilidade da costa em alguns troços. Este facto não exclui a presença de uma relação funcional direta com o oceano em diversos pontos, como acontece em Rabo de Peixe, um dos raros aglomerados açorianos de clara vocação piscatória. Para uso balnear, destacam-se as piscinas naturais de São Vicente Ferreira e Ribeira Grande, enquanto a praia do Monte Verde e de Santa Bárbara oferecem boas condições para a prática de desportos náuticos como o surf e o bodyboard. [+]
O caráter rural é, no entanto, o mais marcante em toda a unidade, com o predomínio das áreas agrícolas muito amplas, intercaladas com algumas pastagens em parcelas médias a grandes em volta da cidade da Ribeira Grande. Na zona das Capelas surgem quintais, quintas, vinhas, maciços arbóreos, por vezes sobre biscoito ou solos pedregosos e, ainda, estufas de ananás relativamente dispersas. A marcação ortogonal da paisagem das quintas, compartimentadas pelos “abrigos” altos de sebes vivas, talhadas com cerca de 3 metros de altura, prolonga-se até São Vicente Ferreira, Pico da Pedra e Rabo de Peixe.
Entre os aglomerados urbanos, destaca-se a cidade da Ribeira Grande, com um património arquitetónico de interesse assinalável e aspeto característico, devido ao contraste das paredes brancas com o cinzento-escuro das cantarias. O crescimento urbano tem sido notório na última década em quase toda a unidade, mas sobretudo em redor dos núcleos de Pico da Pedra e Rabo de Peixe, ocupando antigas quintas, e de Capelas/São Vicente, a poente da unidade.
A atividade industrial da Ribeira Grande, iniciada no século XVI com os moinhos movidos pelo caudal permanente da ribeira a que deve o seu nome, os fornos de telha ou o fabrico de panos de linho, mantém-se ainda hoje com grande significado, ligada, essencialmente, à construção civil. A extração de inertes, por vezes abusiva e descuidada, tem provocado degradações visíveis na paisagem.
Verificam-se também desequilíbrios significativos na vila de Rabo de Peixe onde, dos problemas de pobreza e de exclusão social, resulta uma degradação urbana bem patente.
Pontos Panorâmicos
Do Morro das Capelas [PPSM 2.1] observa-se toda a costa para oriente, até à Ribeira Grande. [+]
Do Farol da Ribeirinha, na Ponta do Cintrão [PPSM 2.2], pode ver-se toda a zona costeira da Ribeirinha/Ribeira Grande.
A partir do cimo da Caldeira da Lagoa do Fogo, em dias de céu limpo, obtêm-se magníficas panorâmicas sobre as encostas expostas a norte e as zonas baixas agrícolas da Ribeira Grande [PPSM 2.3].
Apreciação e Orientações para a Gestão da Paisagem
Trata-se de uma paisagem com relativa identidade, principalmente no que diz respeito à presença de elementos que testemunham diferentes períodos da sua humanização. Os usos atuais podem considerar-se, no geral, coerentes entre si e com as características biofísicas presentes. A diversidade biológica está claramente reduzida em virtude das generalizadas e intensas atividades humanas e consequente redução de zonas em que dominam os processos naturais. [+]
Existe atualmente uma grande apetência para a construção de habitações nas antigas quintas muradas de laranja, como nas Capelas, Rabo de Peixe, Ribeira Seca e São Vicente Ferreira. É, por isso, necessário evitar a continuação da dispersão de novas construções, não só por afetar a qualidade das paisagens, como pelos problemas urbanísticos que tal dispersão acarreta, com custos incomportáveis a médio e longo prazo.