Página Inicial | Paisagem | Caracterização e Identificação das Paisagens dos Açores | São Miguel | Unidades de Paisagem
SM1
CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE DE PAISAGEM
Síntese Relativa ao Carácter da Paisagem
Bretanha: encosta norte - RC
Moinho tradicional - RC
Mosteiros: o povoado e os Ilhéus Deitado e Em Pé - RC
É uma unidade correspondente a uma expressiva encosta, alta e rochosa, exposta a norte, onde o povoamento linear se encontra ao longo de uma faixa litoral, acompanhando a estrada regional e dispersando-se pontualmente. A encosta é atravessada e como que rasgada mais ou menos profundamente por inúmeras pequenas linhas de água torrenciais localmente denominadas grotas, algumas com galeria ripícola. A presença do mar é uma constante, embora sem ter uma relação direta com os povoados. Na zona inferior da unidade, abaixo dos 200 metros, predominam as áreas agrícolas amplas, intercaladas com algumas pastagens, compartimentadas por muretes de pedra seca ou sebes arbustivas e arbóreas, em pequenas a médias parcelas. Nas zonas mais altas, a influência de ventos fortes determina a utilização de sebes vivas relativamente altas, para abrigo das pastagens. [+]
Apresentando-se no conjunto como uma paisagem de estrutura complexa e de grande diversidade, destacam-se os moinhos de vento de cúpula vermelha, exemplares únicos na ilha, introduzidos no século XIX por influência de culturas do norte da Europa, embora sem relação direta conhecida com a origem da designação da Bretanha.
Elementos Singulares
Vista do Miradouro do Escalvado para os Mosteiros - RC
Vista para a fajã detrítica dos Mosteiros – SIARAM
Destaca-se os Mosteiros [ESSM1] numa área plana, baixa, constituindo uma ampla fajã, delimitada por uma escarpa interior muito pronunciada com mais de 150 metros de desnível. Esta plataforma é ocupada pela localidade dos Mosteiros, um núcleo urbano linear e mais ou menos concentrado, envolvido por áreas agrícolas. Os Mosteiros possuem um porto piscatório que reforça a sua relação com o mar, já de si bastante intensa devido à baixa altitude e à barreira que os separam do resto da ilha. Este espaço, como que contido entre a terra e o mar, adquire uma qualidade paisagística singular com a presença dos dois ilhéus que deram o nome à localidade, destacando-se, na massa de água a perder de vista, a luz do poente que muitas vezes incendeia o pôr-do-sol. Estas qualidades, aliadas à existência de uma orla costeira de fácil acesso e com claras aptidões balneares, motivam a presença de veraneantes. [+]
Os Ilhéus dos Mosteiros [ESSM2], a pouca distância da costa, são imponentes fragmentos rochosos de um cone de tufos que assumem a forma sugerida de um mosteiro, assimilada pelo nome da localidade. São, para além disso, local de nidificação de diversas aves, nomeadamente o pombo-da-rocha [Columba livia atlantis], o garajau [Sterna hirundo], o garajau-rosado [Sterna dougallii] e a gaivota [Larus argentatus atlantis]. As rochas na linha de costa formam pequenas piscinas naturais. Parte desta zona encontra-se classificada como protegida, para a preservação dos recursos marinhos e proteção das aves como Área Protegida para a Gestão de Habitas e Espécies da Ponta da Ferraria – Ponta da Bretanha do Parque Natural da Ilha de São Miguel.
Pontos Panorâmicos
Panorâmica interessante sobre a plataforma dos Mosteiros, com destaque para os seus Ilhéus, quando observada a partir da estrada de acesso ao povoado [PPSM 1.1]. [+]
No Miradouro do Escalvado [PPSM 1.2], assim como na parte ocidental da unidade, a partir da estrada regional, têm-se vistas sobre aspetos menos humanizados da encosta, correspondentes a uma paisagem mais aberta.
Amplas panorâmicas sobre a unidade, quer a partir do Pico da Cruz [PPSM 1.3], como do Pico do Carvão [PPSM 1.4] ou do Pico das Éguas [PPSM 1.5].
Da estrada regional, entre Remédios e Santo António [PPSM 1.6 e PPSM 1.7], bem como do Miradouro de Santo António [PPSM 1.8] obtém-se uma vista interessante sobre oceano e Morro das Capelas.
Miradouro do Pico Vermelho [PPSM 1.9] com vista sobre a Ajuda da Bretanha.
Apreciação e Orientações para a Gestão da Paisagem
Nesta unidade, os usos são relativamente coerentes com as condicionantes biofísicas presentes, à exceção das pastagens em áreas demasiado declivosas. [+]
É fundamental ter em atenção os fenómenos erosivos, pelo que a gestão da paisagem deve assegurar o revestimento vegetal permanente nas zonas altas e mais inclinadas bem como a preservação das galerias ripícolas com vegetação arbórea e arbustiva adequadas às condições das grotas e linhas de drenagem natural. A conservação do atual mosaico diversificado de usos será fundamental para a sustentabilidade e multifuncionalidade desta unidade de paisagem.
A zona dos Mosteiros é uma paisagem com relativa identidade, resultante do equilíbrio entre as suas componentes naturais e humanas, nomeadamente devido à coerência entre os usos e a matriz biofísica. Assinalam-se, contudo, fenómenos erosivos nas escarpas, o que exige ações preventivas para os reduzir. A faixa litoral é, também, merecedora de um acompanhamento cuidado, no sentido de aí controlar novas construções que possam vir a aumentar riscos para a segurança de pessoas e bens e a degradar os ecossistemas, especialmente sensíveis nestas situações de interface mar/terra.